quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Livro infantil - Bahia
Em linguagem lúdica, o designer Enéas Guerra dá vida a naviozinho que atravessa rios, carregando produtos e pessoas entre duas cidades.
O livro "Vaporzinho", com 36 páginas, publicado pela Solisluna Editora, foi lançado no dia 17 de outubro, na Galeria do Livro e Arte no Rio Vermelho em Salvador.
Co-autor de dois livros infanto-juvenis com Pierre Verger (Oxóssi, o Caçador e Lendas dos Orixás), Guerra escreve e desenha pela primeira vez exclusivamente ao público infantil.
O livro é fartamente ilustrado pelo artista, com técnica que mescla aquarela, crayon e pintura digital. O texto vem em rimas, que lembram o ritmo das trovas ou quadrinhas.
O personagem principal é um navio movido a vapor. "Ser como o Vaporzinho é ser intensamente criança, viajando em sonhos e brincando o tempo todo", convida a obra.
Como ainda acontece em rios de várias regiões do Brasil, o barquinho transporta produtos regionais, como frutas e artesanatos, do interior para a capital.
O enredo é inspirado na história do navio a vapor que ligou a capital baiana ao município de Cachoeira, no Recôncavo, nos séculos 19 e 20.
“Mas é uma história universal, que pode estar acontecendo no Oriente, na África, no Rio São Francisco e na Amazônia", pontua o autor. "Uma embarcação é um meio de transporte que, mesmo movida por um moderno motor, proporciona uma harmonia com o meio ambiente".
A trama mostra elementos do cotidiano das cidades conectadas pelo navio: o vendedor de sorvete, a doceira trabalhadeira, a professora dedicada. Também apresenta produtos regionais do Recôncavo Baiano, como umbu, seriguela, abacaxi, abóbora, maxixe...
Recurso didático
Além de lúdico e universal, o livrinho traz recursos didáticos que podem complementar o interesse das crianças pelo tema.
No verso da contracapa, há um mapa do trajeto do Vapor de Cachoeira e dados sobre a história da embarcação. O objetivo é reforçar o interesse pelo transporte fluvial e marítimo.
"Vaporzinho" também homenageia três personagens da vida real de Cachoeira: dona Dalva Damiana, integrante da Irmandade da Boa Morte e criadora do grupo de samba-de-roda mais famoso da Bahia; o maestro, compositor e clarinetista Tranquilino Bastos (1850-1935), fundador da Sociedade Orpheica Lyra Ceciliana; e Seu Agostinho, um morador da cidade.
Nas décadas de 70 e 80, Guerra teve oportunidade de conviver com a comunidade cachoeirana - já, na época, saudosa do antigo barco a vapor.
Katherine Funke